quinta-feira, 14 de agosto de 2008

De Volta e Meia...


Depois da ausência lá vou tropeçando por aqui meio de fugida, ou a vontade de escrever é pouca... ou o tempo teima em escassear... há sempre uma desculpa de volta em meia, capaz de me isentar da culpa por não manter a casa em dia, mas quem diz a verdade não merece castigo e assim me absolvo.

Retomando a viagem... após o pavor e a febre que se instalou em dia de voo, sim porque desta vez até o termómetro não escapou e marcou presença antes do embarque, ás 9h da manhã apitava nos 38,5 graus celsius, sussurrando "estás febril e cheia de cagufa" é verdade 10 horas enrolada na minha manta e na manta alheia, desta vez calhou-me uma alma caridosa a meu lado que dispensou o seu agasalho.


Incrível como o corpo humano reage para se defender, não de uma infecção porque não era o caso estava com a "saudinha" em dia... mas os meninos linfócitos bateram em retirada por causa do stress até eles estava apavorados com a altitude que iam enfrentar, amigos da onça eu a dares-lhe guarida á anos e nos momentos difíceis encolhem-se... mas lá cheguei sã e salva ao destino... e logo logo retomaram a sua actividade mal coloquei o pé em terra... manhosos trapaceiros, prontinhos para a farra...


Lá estava eu em terras de Fidel, um calor meloso envolveu-me o corpo colou-se á pele num só bafo, sensação estranha que se entranha e lá nos habituamos aos trópicos sem grandes reclamações...

E reclamar de tal em terras de Fidel, seria um atentado um desrespeito para com um povo amistoso que pouco ou nada tem e que mesmo assim vive com muita dignidade, mestria e criatividade, num saber auspicioso como reconhecer os bufos do estado (dizem que em 7 Cubanos 1 é informador) e é notório como ficam alerta observando em redor quando os questionamos o modo de vida, as privações que sofrem a actuação do governo, até nos responderem sorriem disfarçando e só o fazem quando se sentem seguros só ai falam da sua pobreza escondida, de como o estado é detentor de tudo que outrora era deles, de como é difícil comer um bife que há gente presa a cumprir 2 anos de cadeia por ser apanhada com 2 nacos de carne surropiados num hotel.


Por ali não há casas há venda ninguém é proprietário de nada é tudo do estado, ali a norma é "permutar" mas nunca a venda, os belos clássicos dos anos 50/60 chevy e oldsmobile que rodam por Havana a servir de táxi para transportar os turistas são do estado, ali aluga-se o táxi e o motorista por uma tarde inteira por 30 pesos equivalente a 10 Euros com direito a visitas guiadas pelo lado oculto da cidade interdita a estrangeiros, a conversas secretas que seriam de certo motivo para penas pesadas, ali ficam por conta do bom senso de quem os olha e os reconhece como verdadeiros sobreviventes, mas está bem melhor dizem, desde que o mano Raúl tomou o lugar de Castro.

Mas mesmo com tanta privação vão soltando sorrisos de cortesia e boas vindas á nossa passagem na esperança que nos lembremos deles, numa partilha de "bens de luxo" que por cá muitos desconhecem como raridade e diáriamente desperdiçam...
Lápis, canetas, afias, isqueiros, sabonetes, pasta de dentes, gillets e afins fazem milagres, preferem tais ofertas aos pesos que lhes possamos dar, pois os pesos convertible que são vendidos aos turistas não são usados pelos Cubanos, só os podem trocar em mercado negro, eles tem os seus próprios pesos Cubanos e usam senhas junto das lojas do Governo, tudo racionado por pessoa.

Levei comigo "bens" para a cambiar, sabia que faria toda a diferença nesta viagem as minhas negociações pelos belos sorrisos e em troca trazer no olhar graciosas lembranças de valor incalculável, bem sei que me entusiasmei, fui uma das poucas do grupo que se lembrou de embarcar com mercadoria clandestina e lá foram sofrendo um pouco pelas esperas (pequenas secas) que fui presenteando os restantes turistas da equipa, invejosos do meu encantamento enquanto saltitava do autocarro que estava de partida e dizia radiante"eu já volto vou ali fazer umas trocas"(...)

A saga continua em Meia Volta... quando decedir voltar de novo a estas paragens.

Mrs Indigitada

domingo, 30 de março de 2008

Aéro...fo...bia




Aéreo…”fora-se” mais a bia… que dupla, capaz de me fazer suar horas a fio no antes, durante e depois… só de pensar em entrar num boieng…

Já fiz alguns baptismos radicais, numa avioneta de instrução nuns voos rasantes fui obrigada a sentir a adrenalina num sobe e desce pelos céus em manobras de exibicionismo (até senti a "moleirinha" colada ao crânio com tanta oscilação) o instrutor de voo ria-se, vitorioso pela façanha…disposto a arriscar a vida quando me disse vá não custa nada puxe para si e sobe, agora empurre e desce…fácil não? Não tem nada que saber é rudimentar puxa-se e empurra-se a ver se cai…

Entrei num tiq-teco de nome ultra-leve tão leve que o depósito da gasolina mais parecia um garrafão de 5 litros ao contrário e as 2 cadeirinhas (sem pés) de uma esplanada comidas do sol, 2 asas e 3 roditas (tipo as dos atrelados para cães de caça) e zugaaa levantei voo, pode-se desligar lá nas alturas sem risco dizia o piloto, e assim o fez desligou o ronco e planei pela lezíria, desfrutei da beleza verdejante senti o ar puro e o vento no rosto…Indescritível!

Entrei num helicóptero com mais 4 entusiastas e lá sobrevoei as mansões em arredor do aeródromo todo o cockpit era envidraçado (sensação estranha olhar para os pés e ver os retalhos coloridos, as parcelas divididas de terrenos de cultivo) há quem queira o mundo a seus pés, eu já vi o mundo através deles!

Mas não me bastou as experiências menos ortodoxas que sem pensar duas vezes repetiria, os meus cagaços são com asas maiores, de perder o total control, ficar vedada a visionar o que se passa nos comandos das operações, sentir na pele que nada poderei prever obrigando-me a ficar alerta durante todo o percurso.

O ritual pré-viagem é um pouco doentio, nunca me levam muito a sério, entrego uns envelopes fechados a quem fica, onde escrevo tudo que realmente é importante em caso de entrar em Queda Livre indo ao pormenor de deixar as palavras de conforto para que não fique nada por dizer … as palavras que nunca te direi aterrorizam-me, por isso as escrevo para exorcizar os meus demónios.

Esta que ai vem vai ser a mais longa 10h de tormento, andei a indagar alguns comportamentos, quem bebe em terra habilita-se a ficar embriagado no ar pois o efeito duplica, tomar uns drops também não me parece boa ideia, o programa ganhar asas da Tap por momentos está estacionado, lá me resta um livro calmante, boa música e um cadernito para as notas e rezar até aterrar!
Devo ser cá uma encomenda durante o voo, não sei disfarçar topam-me a léguas o pavor, as mãos suadas. Já tive um desconhecido a meu lado num voo de 2h30 que aproveitou a viagem para me aguçar a atenção e divertire-se à minha conta (olhe lá a asa, não está a abanar muito?) (agora é que isto cai) e (esse livro não exige mta concentração?) (não quer antes o meu espresso) xiça que o homem não tirava os olhos de mim com um sorriso torçista, sempre a atormentar-me os sentidos, espero que desta me saia na rifa uma alma de viagem mais animadora!

Mrs. Indigitada

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Sete e Sete são Catorze…



S. Valentim vem até mim que eu fujo de ti…!

Não acredito em histórias de cara-metade nem em meias laranjas, soa-me sempre a algo incompleto, com pouco sumo…

Por mim é tudo ou nada qual metade qual quê, alguém se contenta com metades? Metade do jantar? Metade das férias? Metade do ordenado? Metade dos prazeres? Metade só de vez enquanto de uma Tarte e contrariada… Amor aos pedaços ainda vá que não vá, mas amor ás metades? Me enganem que eu gosto…

Nem me peçam para soletrar ao ouvido do espécime amado “vem… vem meu biju docinho de coco”, homem que se quer desejado de certo gostaria mais de ouvir “vem cá meu obreiro e faz-me ver o teu duplex no andar de cima”, pode parecer um pouco trolha mas acreditem que melhora a performance por mt2, esta eu nunca disse… mas gostei da ideia é para por em prática.

Não me comprometo a esvoaçar palavras enamoradas 1 vez por ano e brindar ao amor eterno, soa a encomendado, empacotado a granel, pois a maioria nesse dia faz juras de amor, abrilhantados por uma cegueira generalizada provocada por um marketing agressivo, que nos diz “consumam tudo hoje porquê amanhã já era”…

Há lá coisa mais irritante que entrar num restaurante para jantar e estar apinhado de parezinhos em mesas de 2 estatelados com sorriso patético?
No resto do ano serão assim tão amáveis e delicados ou viram cara de pau?
Todos muito felizes com as suas caras ou coroas a 1 quarto na tarda muito. Que coisa mais deprimente… e com esta cantiguinha me vou.

Lá vai uma, lá vão duas, três pombinhas a voar, uma é minha, outra é tua, outra é de quem a apanhar. Sete e sete, são catorze, com mais sete são vinte e um, tenho sete namorados, e não gosto de nenhum.

Mrs. Indigitada