sábado, 3 de abril de 2010

Um Sapo á minha porta…


Sim á minha porta leram bem, mais propriamente na maçaneta da porta com os olhos arregalados á minha espera se não estivesse eu em bom estado e ainda com alguma lucidez era bem capaz de não o ter visto e do esborrachar num aperto de mão.

Mas para sorte dele e azar meu, tinha um sapo á porta que me impedia de entrar no apartamento, com o susto dei um salto daqueles que acordei meia vizinhança, estávamos em Cuba e havia sapos á solta, que raio tinha logo que abancar na maçaneta e logo na minha?

Fez-me recuar no tempo em que dei boleia a um lagarto e logo me dou a perguntar qual seria o fascínio destes animais viscosos pela minha companhia?

Um colega que ouviu a algazarra, prontamente se disponibilizou a juntar á festa e em tom de gozo dizia: é o teu príncipe encantado não o enxotes tens que o beijar está enfeitiçado!

Brrgggg era tão feio o bicho e tinha uns olhos tão grandes e negros… seria incapaz de tal façanha em troca do tal belo conto de fadas e a cambada ria-se da minha indignação por ser a única com sapos á porta, porque terá ele escolhido a minha?

Ainda hoje não sei a resposta mas suspeito de uma cubana que me ofereceu um sapo de madeira em modo de agradecimento por eu ter promovido e lá está ter negociado os quadros do filho junto dos meus colegas de viagem (á minha conta venderam mais de 20), disse-me que era para ter boa sorte e deu-me um sorriso lindo!

Que sorte a minha ser presenteada por sapos todas as noites, cada vez que regressava aos meus aposentos levava escolta tipo peregrinação de capangas enxotadores de bichos feios e já era motivo de risada entre o grupo pois eu era a única que tinha sapos á porta, no tapete, na parede, enfim fui a eleita pela bixarada e todos contentes promoviam o final das noites avisando os que ficavam no Rum (vamos acompanhar a princesa e enxotar os sapos).

Dizem que nada é por acaso e verdade seja dita considero-me uma mulher de sorte com sapos e sem eles!

Mrs. Indigitada

Rebeldia de crianças…


Diz-se que as crianças devem explorar, descobrir e encontrar o caminho para se desenvencilharem cedo e criar competências, não sei se os meus pais sabiam disso quando aos 5 anos me deixavam ir brincar para a rua sem ser visionada por um adulto.

Mas aqui vai um bem aja para eles, por me soltarem na rua com tanta liberdade.

Bem cedo aprendi que as miúdas mais velhas adoravam molhar a sopa nas mais novas para impor o seu poder e que um dia eu saberia mais truques do que elas e lhes daria o troco em duplicado.

Verdade que dei mas não ás mesmas, ainda hoje admito que devo ter sido um terror na vida daquelas 2 amiguinhas de bairro, que todos os dias corriam a minha frente para a escola e de regresso a fugir do meu guarda-chuva que parecia que tinha vida própria, não soubesse eu que o comandava diria que estava possuído eheheh

Um dia elas também aprenderam que 1 + 1 são dois e que se juntassem me fariam frente e fizeram ai se fizeram, ao ponto de se tornarem as minhas melhores amigas durante anos, ai aprendi se não podes com eles junta-te a eles.

Nessas viagens de rua acima e rua abaixo descobri o sabor da adrenalina nos carrinhos de rolamentos e de como se cai e nos temos que levantar sem ajuda, hoje sei o porquê do meu fascinio pelos karts e a velocidade e que as mossas que nos ficam para sempre nos joelhos são os nossos primeiros prémios.

Desvendei bem cedo que os meninos discutem por tudo e por nada e de como ficavam chateados por eu lhes abafar os berlindes a fazer batota. Hoje sei o porquê de não gostar de ir ao futebol.

Nesses tempos adorava ficar sentadita numa pedra maior que eu, a observar o trabalho dos homens das obras a questionar tudo o que faziam e dizia cheia de orgulho quando for grande vou construir casas como tu, era tudo tão fácil cimento e tijolos achava eu eheheh hoje sei que é bem mais complicado com tanta tubagem, canalização e fios para isto e para aquilo, hoje sei que casas não é comigo.

As competências eram outras, artísticas e aprender a negociar, sim a negociar desenhos em troca de tostões para os cromos ou em troca das histórias que inventava e que todos queriam ouvir como se fossem verdadeiras.
Hoje ainda conto histórias e permuto com crianças rebeldes como eu outrora, aprendi cedo que se pode ainda ser criança pela vida fora sem hora marcada.

Mrs. Indigitada