Em retiro de época…

A minha ausência deve-se à reflexão que a época exige… andei a vadiar pelos canais televisivos, a ler jornais, a fazer estudos de mercado para poder contemplar “a hipocrisia no seu melhor recheada de boas acções” atenta aos belos seres que se desprendem dos bens materiais e se rendem ao mundo do dar para nada receber … que se lembram de quem nada tem… que coabitam com a miséria por um dia, para salvarem a sua alma… o resto do ano!

Cada vez mais abomino o Natal ora vejam como eles se aproveitam da época para nos fazerem sentir na pele o poder dos media: As tiazocas “Dádás, Milus, Tétitas” e afins invadem as nossas casas para ostentarem a opulência das suas mesas recheadas, das suas mansões coloridas de belos jardins, dotadas de muitos euros na Louis Vuitton para fazerem compras Chanel para as tiazonas dos arredores…bahhh que encanto, como fico grata pelo ensinamento das tias: “Posso gastar muito em futilidades”

Depois logo a seguir vem a família com 11 filhos que dormem no mesmo quarto, em camas improvisadas com tijolos, em que as crianças se acanham ao pedir um único presente, porque sabem que o pai está desempregado e a mãe é dona de casa e enfeitam a arvore de natal timidamente porque estão expostas ao mundo naquele preciso momento vulneráveis (é um insulto acreditem) estas crianças sabem o que é ser pobre, viver mal, ter frio…vivem no obscuro da vergonha mas não estão sós, sim porque há muita miséria por cá escondida, camuflada que ninguém vê, ou não quer ver! Mas nesta época, todos ficam muito sensíveis dispostos a ajudar a minimizar o vazio destas vidas, fazem donativos aos milhares em concursos onde debitam o nº da conta bancária em rodapé de programas pimba…e pimba lá caem todos a contribuir para as acções meritórias.

Não critico as dádivas nem as acções, mas fico sempre com a sensação de que o dinheiro não chega a quem precisa… não são poucas as vezes que revejo os locais das catástrofes naturais após 3 e 4 anos em que tudo está na mesma, as casas por reconstruir e os velhotes “depositados” em lares alheios ainda à espera da reconstrução da sua cabanita que o fogo de um verão quente engoliu. E os milhares para onde foram? Vieram da união europeia, da união da população, da união dos pacóvios, dos otários e evaporou eheheh em alguma colmeia de outra região abastada…enfim…

Este é o pais que temos ora vejamos mais um belo exemplo da esperteza saloia cá da terra hoje li uma notícia muito interessante, o Tio Isaltino perdoou uma divida de electricidade à estação agronómica mais uns milhões que se perdem de vista, imaginem em troca do quê…garrafas de tintol…ora no mercado vendem-se a €25 ele pagou €68 por garrafa que belo negócio para os amigos da vinicultura ahahahah é preciso saber negociar o néctar dos deuses!

Santo Nicolau vê lá se em 2007 nos visitas todos os dias, para aniquilar esta nostalgia natalícia, fico estonteada com tanta gente boa por 1 dia.

Mrs Indigitada